Quase oito meses depois do confinamento, sentada do meu quarto, com o computador no colo, uma sweat larga e velha, cabelo despenteado e olhar fixo na janela e dou por mim a pensar nos hábitos que ficaram dos três meses que estivemos a cumprir a quarentena.
Apaguei e reescrevi várias vezes as últimas palavras. Isolados, fechados em casa, cumprir o isolamento... foram das opções que me passaram pela cabeça para terminar o primeiro parágrafo. Acabou por ficar "cumprir a quarentena". Mas, independentemente da escolha percebi que qualquer expressão ficava sempre a soar a algo pesado. Meio obscuro e que remete para os calabouços de uma prisão.
Enfim, o confinamento foi uma espécie de pena coletiva. Teve os seus momentos difíceis? Sim, muitos! Deixou marcas que ainda se sentem e vão continuar a sentir? Oh se deixou. Mas nem tudo foi mau. Aquele grupo de WhatsApp com pessoas que só poderiam ter-se juntado nesta realidade e que me anima todos os dias é a prova disso. Essa história fica para outra altura. Hoje quero falar de alguns hábitos ganhos na quarentena. Daqueles bons e capazes de deixar a alma mais animada e o coração despreocupado.