06/01/2020

Presépio vivo

Presépio vivo - dia dos reis


Hoje é dia dos Reis, mas a celebração foi ontem, com a visita ao Presépio Vivo da minha aldeia. A viagem ao ano 1 começa antes de entrar no recinto. O cheiro a eucalipto, o som ambiente e os cânticos e os guardas romanos na entrada, levam-nos para uma época remota e envolvem-nos no espírito festivo. O presépio está todo coberto por verduras, bloqueando qualquer vislumbre do que se passa lá dentro. Desta forma, aguça a curiosidade sobre o que está à nossa espera, do outro lado da passagem.

A entrada é um túnel estreito, feito de trancas de eucalipto e quando, finalmente, chegamos ao presépio vemos as lavadeiras a esfregar a roupa no lago, à direita, e dois burros simpáticos, à esquerda. Dali, é possível ter uma visão do cenário exterior e do que vem a seguir. Ao mesmo tempo, fica-se com a sensação (correta) de existir, ainda, muito por descobrir.

Segue-se o caminho em direção à ponte por cima do ribeiro que desagua no lago - tudo construído de raiz para a ocasião - e do outro lado encontramos um pescador a fazer as redes e cestos para a pesca. Em terra de gente do mar, não podia faltar estes pormenores relacionados com a (nossa) tradição. Logo de seguida, ovelhas, cabras e galinhas andam a pastar tranquilamente. Por todo o espaço estão espalhadas ardósias que contam a história da encenação, desde o aparecimento do anjo a Maria, a viagem de Maria e José e o nascimento de Jesus.

Presépio vivo - dia dos reis

Chegou a hora de entrar no estábulo. O momento mais místico da viagem. Estamos num edifício fechado, com o exterior forrado com verduras e canas secas. Ao entrar, deparam-nos com um túnel apertado e baixo. Está escuro. Apenas uns lampiões fracos iluminam a passagem. Para ajudar a envolver ouve-se água a cair, mas não conseguimos ver de onde vem. No final do caminho, a magia. à nossa frente uma cascata, um lago e uma ponte por cima deste - também criados apenas para a encenação. Viramos à esquerda e espera-nos José, Maria e o menino - neste caso menina - deitado numa manjedoura. A acompanhá-los, dois pastores, dois anjos, o burro, uma vitela e uma ovelha.

Seguimos caminho até à saída e, novamente na rua, vemos mais uma cascata e o caminho leva-nos a passar mesmo por baixo desta. Passamos pela taberna, onde se pode beber vinho quente e comer um pão com chouriço ou torresmos. Continuamos para encontrar o carpinteiro, o ferreiro, o cesteiro, a moleira, junto ao moinho, a banca da fruta e a dos tecidos, bem como a tecedeira e a oleira. No meio do cenário, um grupo de jovens, canta as janeiras.

Parece que chegou o final da viagem, mas a romaria ainda não terminou. No largo, em frente ao recinto vai-se juntando gente à espera da chegada dos Reis Magos. Um tempo depois, lá chegam eles, montados em cavalos, em vez de camelos. Voltamos a entrar, para a passagem dos Reis. Estes deixam os animais à porta e entram no presépio, cada um com um presente na mão, para ir conhecer o menino. O coro continua a cantar. O povo convive. Troca-se uns dedos de conversa com os figurantes, como todos estivéssemos na encenação. A festa está feita e foi, mais uma vez, um sucesso.

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