Chicago é um dos musicais mais conhecidos do mundo e, este ano, chegou a Portugal, com estadia prolongada no Teatro da Trindade, em Lisboa. A encenação é do encargo de Diogo Infante e a coreografia de Rita Spider.
Velma (Soraia Tavares) e Roxie (Gabriela Barros) cumprem pena por assassinato, ao mesmo tempo que lutam por uma carreira como bailarinas de vaudeville. Ambas recorrem aos 'favores da Mama' (Catarina Guerreiro), a chefe das guardas prisionais, e aos serviços do advogado Billy Flynn (Miguel Raposo) para escaparem à condenação e vingarem no mundo do espetáculo.
Fui ver o musical com as expectativas altas, dado o sucesso que tem tido e, quando entrei no teatro fui, imediatamente, envolvida pela magia daquele espaço. A sala é pequena - tem lotação para 495 espetadores - e o palco está perto do público, criando um ambiente intimista que aumenta no decorrer da peça.
Começa o espetáculo e a primeira cena conquistou-me por completo. A música, a coreografia, a interpretação poderosa da Soraia Tavares e do ensemble deixaram-me de boca aberta, arrepiada e com vontade de cantar e dançar. Com uma abertura, a peça corre o risco de perder intensidade, no resto do tempo. Mas não foi o caso. Foram duas horas de qualidade, gargalhadas e emoções crescentes.
Há vários aspetos que destaco no Chicago. A adaptação do texto para português está muito bem feita e pensada, jogando, até, com as características dos atores. A coreografia é fantástica. A interpretação de todos os artistas em palco merece várias ovações de pé. As luzes e os cenários contribuem em grande parte para a qualidade e magia do espetáculo. Os momentos cómicos vindos de pequenos pormenores que fazem toda a diferença. Por último, mas não menos importante, a sátira e crítica social. Chicago, apesar de se passar nos loucos anos 20, tem uma mensagem intemporal. Retrata uma sociedade sedenta de escândalos, capaz de idolatrar - e até proteger - os maiores criminosos. Além disso, mostra como pode ser fácil manipular a comunicação social e a opinião pública, fazendo dos jornalistas simples marionetas, pois como, a dada altura, a personagem Billy Fllyn diz, o mundo é um circo de três de pistas, repleto de ilusão e onde tudo é manipulável. Também todo o musical é um vai-vem entre a ilusão e a realidade, o que o torna ainda mais atrativo, utópico e singular.
Espetáculo terminado, saí de um lugar mágico com a cabeça nas nuvens, a cantarolar e cheia de vontade de dançar ao som do jazz. E de voltar a ver a peça!
Marisa
Sem comentários
Enviar um comentário