Está quase a fazer um mês que a quarentena começou. Há dias em que parece uma eternidade, outros parecem que foi ontem. Recordo que, no início a expectativa era de ter muito pouco para fazer. Hoje é o contrário. Para onde quer que olhe - imprensa, televisão, redes socias - só vejo estímulos para sermos super produtivos nesta fase. Treinos, dança, formações, concertos, cozinha. Maratonas de frito. Maratonas de cozido. Criar. Fazer. Mexer. Falar com pessoas. Chamadas. Mensagens. Videochamadas.
Uff.
Uma pessoa fica cansada só de pensar nisto tudo. E até faço várias destas coisas. Experimentei umas aulas de dança muito divertidas, tenho visto entrevistas, coversas ou apenas monólogos em diretos, vi séries, li, criei um projeto novo no Instagram, @discos.escondidos, e até participado em testes de algo que está quase, quase a começar e vai fazer boom por essa internet fora. Só não tenho estado ocupada intensamente. Prefiro abrandar o ritmo e fazer tudo com calma.
É bom parar. Eu gosto de parar. Gosto de pegar num livro e ler com calma. Gosto de ir arrastando uma série. Gosto de fazer uma sesta, passar uma eternidade a fazer scroll e ignorar messagens. E está tudo bem com isso. É okay não ser a pessoa mais ativa do mundo, estar um dia a fazer nada, ignorar messagens se não apetecer falar. É okay ter tempo só para nós. Aliás, é bom ter tempo só para nós! Parar. Pensar. Estamos em casa, no meio de uma pandemia. Não numa competiçãode quem faz mais. A única coisa que temos de fazer mais é protegermo-nos.
Marisa
Sinto que é mesmo importante sabermos ouvir o nosso corpo, por mais que soe a lugar comum, e a nossa vontade. Porque há alturas em que vamos querer ser super produtivos e há outros em que só nos vai apetecer existir. E ambas as opções são válidas
ResponderEliminarExato. Há dias em que me apetece fazer tudo e mais alguma coisa, enquanto noutros só quero estar sossegada no meu canto, a hibernar.
EliminarJá li desabafos semelhantes ao teu, mas pessoalmente confesso que me sinto zero pressionado a fazer seja o que for. Sigo as pessoas certas e tento filtrar toda a informação que encontro espalhada pelas redes sociais. Tento não ser sugado por elas e tenho mantido a cabeça noutras coisas (como por exemplo na criação do AFAR). Acho seriamente que o segredo está na filtragem daquilo que absorvemos do mundo. Gosto de me manter ocupado - seja com exercício, com séries ou na cozinha -, mas não me culpo se quiser ficar uma tarde sem fazer rigorosamente nada. Faz parte!
ResponderEliminarEu só sigo quem me inspira ou quem partilha conteúdo que gosto e me identifico. E se por um lado até acho giro as sugestões. Eu vezes faço isso (mais para o trabalho). É esse "Faz parte" e questões que aconteceram offline que me levou a escrever este texto. Só para dizer às pessoas que não tem mal querem estar quietos e sossegados, porque é normal e faz parte e não estão sozinhos nesse pensamento ;)
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