Desafio Mar de Palavras #2

Desafio: escreve um poema com a tua flor preferida. 

Ela é papoila
Nasceu no campo
Vive de ar puro
Corre pelas terras de ninguém

Se lhe tiram o seu canto
Chora pela liberdade
Perde pétalas e encanto
Murcha de saudade

Ela é papoila
Rosto encarnado, corado
Modo frágil e independente
Se lhe acenas é alegria
Se a colhes, melancolia.

Vem quando quer.
Não quando a chamam
Dança ao vento de braços abertos
À primavera dos namorados que se amam

Mar de Palavras | Desafio #1

Uma folha em branco está a chamar-te. O que te diz?

Olá. Estou aqui. Mesmo de baixo da tua carta e ainda mais perto do teu coração. Que bom estares de volta. Sobre o que vamos falar hoje? Algum segredo, angústia, conquista, dor, alegria... Já sabes que me podes confiar qualquer coisa. Estou sempre disponível para receber o teu maior sorriso e enxugar todas as tuas lágrimas.

Espera! Já sei. É mais uma ideia louca ou uma história divertida. Não fiques a olhar para mim dessa maneira. Mexe-te! Pega na tua caneta. Ou no lápis... é como te apetecer. Deixa-te levar pelas palavras e conta-me tudo. Não te inibas. Não te preocupes com regras ou perfeições. Isso é apenas pormenor... Depois dá-se um jeito. Cria, apenas. Escreve-me. Dá-me cor. Dá-me vida. Vive.

desafio de escrita criativa

Decidi fazer renascer e adaptar o desafio Mar de Palavras, que comecei no início do ano (aqui) e propor alguns temas para abrir portas à criatividade. O objetivo é promover e incentivar o treino da escrita e dar asas à imaginação. A cada duas semanas lanço uma proposta de escrita de estas podem passar por poesia, perguntas aleatórias, diálogos, uma frase ou uma palavra como ponto de partida.

Alinhas?

Tens duas formas para participar:

1. Comentas ou envias mensagem a dizer "eu quero participar + email*" e vou enviando-te os temas no início da semana do desafio.

2. Podes esperar para ver a publicação e escrever depois.

Regras/Notas:

- Podes escrever no Blog ou redes sociais;

- Não és obrigado/a a participar em todas as propostas;

- Utiliza a #mardepalavrasdesafio

- Sempre que participares identifica-me e envia o link (no caso do Blog), para poder partilhar o teu texto.

- Os textos não têm limites de palavras, porque a forma ou tema podem variar entre resposta curta ou longa.

Vamos a isto?

*todos os participantes que enviam email concordam com a utilização do mesmo apenas para uso relacionado com o desafio em questão

CARTA

Olá,

Queria escrever-te uma carta, mas é impossível fazê-lo sem os meus olhos começarem a chorar. Tenho saudades tuas. Era suposto tudo ser mais fácil à medida que o tempo avança. Mas não! A cada dia que passa a saudade é maior e o coração fica mais apertado. Vai-se criando fórmulas para lidar com a situação, mas haverá sempre um vazio crescente. Um vácuo de coisas por dizer e momentos por partilhar. Sinto falta das nossas conversas, das nossas brincadeiras, das tuas histórias, dos teus conselhos. É irónico como a pessoa mais surda que alguma vez conheci, fosse a melhor ouvinte que tive ou terei. A vida é mesmo assim. Irónica. E com um toque de masoquista, dando nos chapadas à toa, tirando-nos o tapete em momentos que pensamos ter os pés bem assentes na terra. Perder-te não foi fácil, mas foi mínimo se comparado com toda a tua vida.

SORRISO

Dizem que a arte
Vem da tristeza
E a felicidade
Não traz poesia

Será mesmo verdade?
Será que, quando escrevo,
Não tenho alegria?

Então por que é que a dor
do Pessoa era fingida?
Por que é que escrever me dá paz
E uma gargalhada escondida?

A poesia é o espelho
Do meu sentir,
É lágrima
Nos dias de tormentos,
É sorriso
Nas horas de alentos

A poesia é alma,
Arte, expressão
Palavras em que me perco,
Caminho onde me conheço

Sonhos

Vivo a realidade, com o coração no sonho. Quase que lhe consigo tocar. Está tão perto e, ao mesmo tempo tão longe. Sigo-o como quem segue o horizonte, sem nunca o conseguir alcançar. Às vezes pergunto-me se vale a pena, se é possível. A resposta surge clara nos dias em que o sonho desce à terra e faz parte da rotina, nem que seja por breves instantes. Claro que sim! Cada passo, por mais pequeno que seja, é uma etapa alcançada neste jogo de tabuleiro, onde a casa final é o sonho por alcançar. Tenho tido breves vislumbres de como será viver esta aspiração e só me faz querer ser mais, fazer mais, para conseguir alcançar o todo.

Os sonhos tornam-se o fim condutor da vida, quando tomam a forma de objetivos. Por isso, corro. Luto. Os dados nem sempre estão a meu favor. Fico uma vez sem jogar. Recuo duas casas. Mas não desisto. A sorte ganha-se com esforço. Volto a avançar. Repito esta dança quantas vezes for preciso. Acredito. O sonho está sempre presente. Para ser real é preciso continuar o caminho com força e vontade. Contornar os obstáculos.Sei que um dia a luta vai acabar em vitória e tudo irá valer a pena.

E quando cortar a meta como vai ser? O sonho torna-se realidade, o horizonte transforma-se em algo palpável e que cabe na palma da mão. Preciso de ter um horizonte para guiar os meus passos e me dar motivação para jogar o quebra-cabeças da vida. Encontrarei outro sonho, pelo qual perseguir. Não é viver insatisfeita. É viver à descoberta. Dizer não ao conformismo e aceitar novos desafios.

Marisa

Capa

Olha para a janela e lá está a vizinha do prédio da frente, na sua estranha rotina matinal. Calça os sapatos, ajeita a saia, abre o armário da entrada e finge tirar algo que coloca nas costas. Depois, sacode o cabelo, sai de casa e sobe a rua, quase sem os pés tocarem no chão. Mais parece ir a voar. Todos os dias repete os mesmos gestos. Todos os dias sai de casa com um sorriso rasgado e uma luz que sobrevive, até, aos dias mais escuros.

Sente um fascínio difícil de explicar pela vizinha. Pouco sabe sobre aquela mulher sem nome. Sabe apenas que algo a atrai, transmite força e dedicação e lhe dá uma vontade estranha e desconfortável de ser como ela. Tudo o resto é uma interrogação. Desconhece-lhe os pensamentos, profissão e qualquer pedaço da sua história. 

Recomeçar

Recomeçar

Tornar a começar = reiniciar.

Recomeçar é um ato de coragem, loucura ou a última saída. Recomeços. Pequenos ou grandes. Voltar a trás, refazer um caminho ou seguir por um diferente. Cair e levantar. Admitir uma fraqueza, um erro, uma má decisão, um impulso. Recomeçar é crescer, redescobrir-se e ter força para voltar e começar de novo. Mas nunca do zero, porque vamos aprendendo com as vitórias e com as derrotas.

Quando se recomeça leva-se sempre um avanço. Mesmo quando se segue por uma estrada diferente. Porque não se vai de mãos a abanar, carrega-se a bagagem que se foi ganhando ao longo de cada viagem.

Um desafio para 2020

Fazer planos, traçar objetivos e criar desafios de ano novo é algo que não tenho por hábito. Porém, este ano decidi propor-me a um: escrever mais. Que 2020 seja o que tiver de ser, mas que eu escreva mais. Para tal, criei o Mar de Palavras e estou a cozinhar mais algumas ideias.