31/10/2020

poesia | Poesia é





Dizem que a arte
Vem da tristeza
E que a felicidade
Não traz poesia

Será mesmo verdade?
Será que quando escrevo
Não tenho alegria?

Então por que é que a dor
Do Pessoa era fingida?
Porque é que escrever
Dá-me a paz, tranquilidade
E uma gargalhada escondida?

28/10/2020

minha praia | Hábitos que ficaram do confinamento


Quase oito meses depois do confinamento, sentada do meu quarto, com o computador no colo, uma sweat larga e velha, cabelo despenteado e olhar fixo na janela e dou por mim a pensar nos hábitos que ficaram dos três meses que estivemos a cumprir a quarentena. 

Apaguei e reescrevi várias vezes as últimas palavras. Isolados, fechados em casa, cumprir o isolamento... foram das opções que me passaram pela cabeça para terminar o primeiro parágrafo. Acabou por ficar "cumprir a quarentena". Mas, independentemente da escolha percebi que qualquer expressão ficava sempre a soar a algo pesado. Meio obscuro e que remete para os calabouços de uma prisão. 

Enfim, o confinamento foi uma espécie de pena coletiva. Teve os seus momentos difíceis? Sim, muitos! Deixou marcas que ainda se sentem e vão continuar a sentir? Oh se deixou. Mas nem tudo foi mau. Aquele grupo de WhatsApp com pessoas que só poderiam ter-se juntado nesta realidade e que me anima todos os dias é a prova disso. Essa história fica para outra altura. Hoje quero falar de alguns hábitos ganhos na quarentena. Daqueles bons e capazes de deixar a alma mais animada e o coração despreocupado. 

27/10/2020

discos escondidos| um (novo) projeto


Gosto de ter a música sempre no volume máximo e de brincar com palavras. Gosto de viver como se fosse a personagem de um musical, apesar do talento para o canto e dança estarem aquém do necessário. Tenho sempre uma banda sonora de fundo associada a momentos, lugares e pessoas.

No meio do isolamento tive a ideia de criar uma conta no Instagram chamada Discos Escondidos, na qual partilhava canções aleatórias diretamente das minhas playlists. A ideia era levar-te numa viagem meio louca pelas minhas músicas ao mesmo tempo que falava do que se passa na minha vida e no mundo. 

O projeto não foi muito longe. Como tantos outros projetos da quarentena. Mas os meus Discos Escondidos continuaram na minha cabeça. Então, decidi ir ao baú das ideias adormecidas e trazer os discos para aqui e para o Instagram.

No fundo só quero uma desculpa para te dar música. Por falar em música também se diz que só se conhece verdadeiramente alguém pelo que a pessoa ouve quando está sozinha. Então, aqui estou. Nua e crua.

Mergulhas?

© Maresia
Maira Gall