Este ano aderi a um grupo e a um desafio literários,
como disse aqui, o "
The Bibliophile Club" e o "
Uma Dúzia de Livros". O tema do "The Bibliophile Club" era ler um livro de não ficção e/ou auto-ajuda e o "Uma Dúzia de Livros" pedia um livro escrito por uma mulher. Como janeiro ia ser um mês ocupado, decidi fundir os dois desafios num só livro. Ao princípio comecei a ler "Ayureda For Dummies", de Angela Hope-Murray, mas logo no início não me cativou, é demasiado técnico e precisava de algo mais leve. Então, mudei para "
Comer, Orar, Amar", de Elizabeth Gilbert.
O livro tem como protagonista a própria autora, que, aos 34 anos, se encontra numa fase difícil da vida, enfrentando um divórcio complicado e uma depressão. Para se encontrar e descobrir o seu equilíbrio, embarcou numa viagem de um ano por três destinos distintos: Itália, Índia e Indonésia. Em Itália deliciou-se a aprender a língua e a comer, na Índia dedicou-se à devoção de orar e na Indonésia, instalou-se em Bali, onde aprendeu a equilibrar a espiritualidade e a sexualidade, (re)descobrindo o prazer de amar.
Já tinha pensado ler o "Comer, Orar, Amar" há uns anos, mas na altura não consegui e não gosto de forçar uma leitura só porque sim, daí ter desistido da minha primeira opção. Acredito que há um tempo certo para tudo e esta leitura, agora, veio exatamente no momento certo. O livro está bem organizado, divido em três capítulos, um para cada país, e cada um está dividido em 36 contos, dando um total de 108 contos, como as 108 contas os japa malas, os fios que os hindus e budistas usam para se concentrarem na meditação religiosa. A escrita é simples e leve. Aliás, todo o livro é leve, até as partes mais trágicas da história de Elizabeth Gilbert são transmitidas com uma leveza incrível. Em suma, todo o livro de transmitiu uma paz indescritível e veio reforçar uma forma de olhar o mundo que já andava a implementar. Apesar da história da autora ser diferente da minha, consegui encontrar pontos em comum, que me fizeram envolver mais com a narrativa.
Um pormenor que adorei for a escolha dos países, por começarem todos por I, que inglês significa eu. Não havia nada melhor para uma viagem de auto-descoberta do que esta ser feita por países começados I, é literalmente a descoberta do "I", ou seja, do eu. Para além disso, ser três países é também um pormenor especial, por ser uma tríade e da ideia do número três, como a autora também refere "é o número que representa o equilíbrio supremo". Ou seja, este o "Comer, Orar, Amar" está repleto de pormenores que o tornam muito mais do que uma obra auto-bibliográfica ou só de auto-ajuda. É a viagem física e psicológica de Gilbert, mas que, ao mesmo tempo, se transforma na nossa própria viagem de auto conhecimento e espiritual.
Marisa