17/01/2024

IMPOSTORA, R. F. KUANG

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Impostora, de R. F. Kuang, conta-nos a história de duas amigas escritoras, Athena Liu, uma jovem bem sucedida e muito adorada no mundo literário e June Hayward, cujo o único livro que escreveu foi um desastre e ninguém a conhece.

Numa noite de amigas, Athena morre de uma forma estranha e June rouba-lhe o manuscrito mais recente para o publicar com o seu nome ambíguo Juniper Song.

Tudo parece correr bem para a jovem escritora, até que começam a ser levantadas suspeitas sobre a autoria do livro. Mas June não está disposta a abrir mão do sucesso e faz de tudo para manter o seu nome limpo. Se vai conseguir ou não, isso só saberás se leres.


UMA NARRATIVA DE RITMOS OPOSTOS

Entrei na história devagar, porque os primeiros capítulos são mais lentos. Há uma certa aura de incerteza no ar e a história começa a ganhar tensão devagar. Sabemos que, mais cedo ou mais tarde, vai tudo explodir num plot cheio de drama, só não sabemos bem quando.

A partir da segunda metade, a narrativa começa a ser mais catártica e a leitura fica viciante, porque só queremos saber o que vai acontecer a seguir e como é que a protagonista se vai desenvencilhar do caos que criou. 

O ritmo da narrativa vai variando, tendo momentos mais tranquilos intercalados por partes intensas. Estes opostos, fazem com que a tensão e a incerteza comecem a crescer nos momentos lentos, para depois explodir tudo nas partes intensas, criando um ritmo de leitura interessante.

Além disso, adorei que o livro seja narrado na primeira pessoa e que a personagem fale para nós diretamente. É sempre algo inesperado, que dá um toque interessante à experiência de leitura.


PERSONAGENS DETESTÁVEIS

Se há coisa que adoro em livros, são personagens varridas da cabeça! Adoro gente doida e detestável. A June era isto tudo e mais alguma coisa. Odiei-a e isso foi fantástico!

É aquele tipo de pessoa intragável, que se faz de vítima de tudo e culpa o mundo pela sua falta de capacidade e discernimento.

Athena morre no início do livro, mas está muito presente durante toda a história de uma forma muito vívida. E - adivinha! - também é desprezível!

Há medida que o livro avança, fui gostando cada vez menos de ambas. Ao mesmo tempo que gostava cada vez mais da história! 


MERCADO EDITORIAL E OUTROS DRAMAS REAIS

No livro Impostora, R. F. Kuang faz uma grande crítica ao mercado editorial e ao jogo de interesses pelo qual este é movido.

Enquanto leitora ávida, sofro do fenómeno "adorar livros que falam de livros" e poder espreitar um pouco pela cortina do mercado editorial foi muito interessante.

Nesta área - como em tantas as outras - muitas das ações devem-se a jogadas de Marketing e aí sinto-me a jogar em casa, o que contribuiu para gostar ainda mais do livro.

Impostora também nos dá uma visão do que é a cultura de cancelamento e o peso que as redes sociais têm nestas situações e também na saúde mental das pessoas.

R. F. Kuang, consegue mostrar de forma simples e bem enquadrada na história, como os media formam opiniões e como é fácil cancelar alguém sem grandes provas ou motivos e pegando em informação descontextualizada.

Resumindo este livro em duas palavras, ele é irreverente e viciante. Por seu lado, a escrita de R. F. Kuang é fantástica e muito envolvente.

Nunca tinha lido nada da autora e adorei a experiência!


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