11/01/2021

NOTEBOOK | PENSAR COM SOTAQUE DE AÇÚCAR

pensar com sotaque de açúcar



Há pessoas meio ecléticas - pelo menos, olho para elas assim - que dizem pensar noutra língua, como o inglês ou o francês. Eu não tenho esse "toque de requinte". Assim muito de vez em quando lá aparece uma outra frase pensada em inglês, mas é mesmo só um acaso. Geralmente, uma consequência de situação em que esteja mais exposta ao idioma.

A minha segunda língua oficial do pensamento, vem do outro lado do atlântico e tem sotaque de açúcar. Sim, muitas vezes, dou por mim a pensar em português do Brasil. Tenho pensamentos cantados em gerúndio, naquele doce sotaque carioca do país irmão.

Tem vezes, até, em que o pensar me escapa pela boca e dou por mim a falar com sotaque, também. Não é uma sátira e tampouco uma tentativa de ser outra pessoa. Porque eu sou mesmo assim. Aliás, eu nasci assim, eu cresci assim, eu fui sempre assim... só não sou Gabriela. Mas, gosto muito da novela.

Por novelas, aproveito para lavar já as minhas mãos de qualquer culpa desta minha característica. A culpa não é minha, não. A culpa é do povo do brasileiro, a fazer novelas boas. E de quem as trouxe para Portugal. Cresci a ver ficção brasileira. Como, provavelmente, todos os portugueses nascidos antes de 2000.

Depois, ainda há a música... A música brasileira, também, tem uma presença muito significativa na minha vida, desde sempre. E para sempre. Música brasileira é como um abraço apertado. É uma gargalhada que ecoa no tempo e no espaço. É amor. É vida.

São estes pequenos grandes pormenores que fizeram o sotaque brasileiro ir entrando na minha mente e ocupando o lugar dos meus pensamentos. Mas, não são os únicos. A eles juntam-se os colegas e conhecidos do Brasil, os criadores de conteúdos e uma ou outra notícia. Não esquecendo as dobragens - ou dublagens, como se diz em português do Brasil - que estavam em várias cassetes na infância e ainda aparecem numa ou outra situação.

No fundo, é todo um oceano Atlântico de pequenas influências que formam uma melodia em tom de açúcar e com um cheirinho de bossa nova nos meus pensamentos. E, assim, no carnaval de ideias que sambam pela mente, vou vivendo em harmonia com o país tropical que nunca visitei, mas sinto um pouco como parte do meu ser e da minha vida.

2 comentários

  1. Achei este post curioso porque sou o total oposto ahahaha. Não só nunca penso em PT-BR (às vezes penso em inglês, confesso) como nem sequer consigo falar com sotaque PT-BR porque acabo sempre a falar espanhol sem querer.

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    1. Falar é outra coisa que me acontece de vez em quando. Dou por mim e estou a falar com sotaque ahahah Não sei se é perfeito, mas é intuitivo.

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