Um livro que toda a gente já leu foi o tema de janeiro para o desafio e clube de leitura Uma Dúzia de Livros, da Rita da Nova. A escolha foi fácil. Só tinha dois livros na estante que se enquadravam no tema e optei por aquele que queria ler há mais tempo. 1984, de George Orwell.
1984 é uma distopia sobre uma sociedade que vive num regime totalitarista, dominado sobre o medo e o ódio. Sinceramente, não consigo dizer se a escolha deste livro foi curiosidade, uma forma de reação à realidade política atual, ou um ato masoquista para pôr à prova o meu medo e a minha ansiedade perante a possibilidade de viver num regime do género. A verdade é que esta distopia já esteve mais longe de ser real.
A ação decorre em Londres, no ano que dá nome ao livro, uma cidade que vivia sob o olhar atente do Grande Irmão, o líder do partido. O partido. Não precisava de nome - apesar de se falar no Socing. Não havia escolha. Não podia haver escolha, nem tanto um pensamento capaz de o fazer.
A sociedade era dividida em prole, o povo, que sobrevivia sem questionar, e os membros do partido, que viviam e trabalhavam para construir uma teia de mentiras. O partido mentia à descarada sobre o presente e o passado. Tudo é uma farsa para alimentar o medo e o ódio da sociedade. O objetivo? Que o povo viva sem energias para pensar e se rebelar contra o Grande Irmão.
As pessoas não viviam, deambulavam alheias à realidade que as rodeava. Não olhavam à volta e muto menos para cima. Existia uma falta de ação, pensamento e memória coletivas. No fundo, Orwell mostra um sociedade apática perante um ditador omnipresente, capaz de controlar cada passo e pensamento do povo.
Depois existe Wintson Smith, a personagem principal, um membro do partido com demasiada memória. É a personificação da resistência, mas, também, da voz oprimida e do medo. Um dia, decide começar um diário no qual escreve sobre as suas dúvidas e revoltas sobre o poder do Grande Irmão. Mal abre o caderno percebe que está morto. Não sabe quando chegará a sua hora, mas tem a certeza que se condenou.
Terminada a leitura fiquei com uma sensação de vazio. Acho que também eu, durante os instantes que seguiram a última página, fiquei apática e sem saber o que pensar. Não adorei, confesso. Mas também não detestei.
Gostei de toda a distopia criada e do quanto este livro nos faz pensar. Comecei por achar curioso a ação ter início na primavera, por ser uma estação relacionada com o renascimento. Também vi uma coincidência bonita por os primeiros capítulos serem em abril. Isto porque, até ao fim, mantive a esperança de ser um livro com mais resistência do que opressão.
Apesar de tudo, terminei 1984 com aquela satisfação de quem acabou de fazer algo há muito esperado e por, mais uma vez, me ter desafiado e saído da minha zona de conforto literária. Além do mais, esta foi a primeira leitura dos 30 livros antes dos 30 anos. Só por isso já valeu a pena.
Deixo só um destaque para a edição deste livro. A vontade de ler 1984 era antiga, mas só a comprei este ano e ainda bem que esperei, porque desta forma fico com a edição mais bonita que vi até hoje, com a capa ilustrada pelo Vhills.
Já leste 1984?
É um livro que quero muito ler e, curiosamente, separei-o para um dos temas de Uma Dúzia de Livros. Vou é já preparar o coração para não elevar as expectativas
ResponderEliminarA capa é lindíssima *-*
Só mudava a última página ahah
EliminarJá li este livro há alguns anos e confesso que achei espetacular e é, até hoje, um dos meus livros preferidos!
ResponderEliminarSix Miles Deep
Que bom! Gostei, mas não o suficiente para ser dos meus preferidos.
EliminarTenho-o na lista há demasiado tempo. Tenho de comprá-lo este ano 😌
ResponderEliminarLê! Aconselho muito :)
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