OPINIÃO | LÁBIOS VERMELHOS, IDIOTAS E LIBERTADE

Há uma semana comecei a ler 1984, de George Orwell. escolhi este livro porque já o queria ler há algum tempo  - aliás, está na minha lista de 30 livros para ler antes dos 30 anos. Escolhi este livro devido à situação pela qual estamos a viver.

Há uma semana decidi sublinhar este livro a vermelho. Primeiro porque gosto da cor. Segundo porque o lápis azul que estava a usar nos anteriores não me fazia sentido neste livro. 1984 é fala da perda da liberdade. Parecia uma falta respeito usar a cor com a qual era feita a censura, no tempo de Salazar. Não pensei em cores partidárias, mas, confesso, associei o vermelho à resistência. Vermelho da luta

Ontem, deparei-me com a passagem sublinhada na imagem no início da publicação. "... os lábios vermelhos brilhantes. As mulheres do Partido nunca se maquilham." Achei curioso ler isto em dias nos quais o batom vermelho se tornou rei e símbolo de um manifesto.

Na sexta, 15 de janeiro, a internet uniu-se munida de batons vermelhos, porque certa pessoa lembrou-se que uma mulher não pode usar batom vermelho e ser decente. Que as mulheres que usam batom vermelho não são capazes de governar um país. (Oh que exemplo para definir o que é decência, governação e democracia...).

Uma mulher só precisa de uma coisa para fazer o que quiser: vontade! Não importa o cor do batom. Não importa se usa muita ou pouca maquilhagem. Não importa que vá de saltos ou de ténis, de vestido decotado ou de gola alta. A mulher um ser livre e lutador. A mulher é capaz de tudo. A mulher faz o que quiser e vai como quiser. E quem não for capaz de perceber isso, não é capaz de viver em sociedade decentemente. Muito menos de estar à frente de um país.

Não pintei os lábios de vermelho, porque não tenho batom. Contudo, apoio o #VermelhoemBelem (partidos às parte). Apoio o vermelho em todo o lado. Desde que simbolize resistência e liberdade. Desde que simbolize a união e a luta pelos direitos e pelo empoderamento das mulheres.

AH!! E dia 24 vai votar. Vota em consciência e pela liberdade.