02/04/2021

LIVROS | JESUS CRISTO BEBIA CERVEJA

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Jesus Cristo Bebia Cerveja, porque esta era um símbolo do povo. E é sobre o povo que o livro de Afonso Cruz fala. Mais precisamente sobre os habitantes de uma aldeia do Alentejo. A aldeia não tem nome e o tempo da ação é difícil de precisar. Mas, também não é preciso. As aldeias não se definem pelo tempo, mas pelas pessoas que lá vivem.

Existe uma velha que sonha ir a Jerusalém antes de morrer. Uma jovem meio perdida da vida, órfã, que tem de cuidar da avó e vive entre dois amores. Um pastor que cheira a campo e não sabe falar de sentimentos. Um professor reformado, agnóstico da religião e discípulo das ciências. Uma inglesa tão rica que comprou uma aldeia e ainda contratou teóricos para lhe fazer companhia

Todos os habitantes desta aldeia em particular são figuras caricatas. Tal como em todas as outras aldeias, no geral. Note-se que isto não é um crítica. Pois a ser, contra mim também estaria a falar. Sou menina da aldeia e tenho todo o orgulho.

Aliás, algo que gosto na aldeia são as pessoas e as histórias antigas, que costuma ser as mais engraçadas. A verdade é que, seja numa cidade ou numa aldeia, todos têm características peculiares e o "ser normal" é só uma ilusão. Só que nas terras mais pequenas (quase) toda a gente se conhece e estes pormenores das características de cada um são mais fáceis de serem notados.

Este foi um dos grandes motivos pelo qual adorei o Jesus Cristo Bebia Cerveja. O ser uma aldeia de gente caricata fez-me lembrar a minha própria terra. E todas as histórias que a minha família conta sobre como era a vida antigamente. Houve, até, uma cena específica que era muito idêntica a um desses relatos que me fazem sempre rir.

No fundo, este livro fez-me sentir em casa. Podia ter sido o livro para o tema de fevereiro do Alma Lusitana, mas foi mesmo o escolhido para o mês de março: Coimbra, um livro do meu autor favorito. Sim, Afonso Cruz está no primeiro lugar do meu pódio de autores portugueses. E em segundo no pódio geral.

A sua escrita encanta-me e inspira-me. Tanto a ler mais como a escrever mais. Confesso, até, que esta leitura me deixou com ainda mais vontade de escrever sobre as histórias que a minha família conta. Nem tanto com a intenção de as editar, mas essencialmente para ficar com um registas de memórias que, a pouco e pouco, tendem a ficar esquecidas.

4 comentários

  1. Afonso Cruz ♥
    Tenho este livro em fila de espera, mas já percebi que tem de vir morar cá para casa num futuro muito próximo!
    Obrigada por mais uma viagem fabulosa, ainda por cima, à boleia de autor que também está no topo das minhas preferências

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    1. Precisa mesmo! Este livro é lindo. De certeza que vais adorar!

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  2. é um dos meus escritores favoritos e este é tão bom, tens de ler o para onde vão os guarda chuvas

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    1. Também dos meus. Esse livro está na minha lista *-*

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