O escritor de julho foi Afonso Cruz. Levei-o para a praia numa tarde de sol e ele falou-me de um mundo onde os números eram o mais importante. Tão importante que até os sentimentos eram medidos e quantificáveis. Um mundo onde se contava a percentagem de lágrimas e as miligramas de um beijo, em vez de os viver. Um mundo onde a dinheiro era a única coisa importante e arte apenas um acessório dispensável. Um mundo onde se compravam artista.
A personagem principal e narradora pediu aos pais um poeta. Ao início não conseguia perceber a língua em que ele falava, mas com o tempo lá se foi habituando. Primeiro começou por perceber as palavras, sem entender o seu significado. Parecia que nada do que ele dizia tinha sentido. Depois, a pouco e pouco, foi compreendendo cada vez mais a linguagem do poeta e como as palavras nem sempre são literais e a vida pode ter muitos sentidos.
Vamos Comprar um Poeta foi editado pela primeira vez em 2016. Passado quatro anos continua atual. Mostra a importância da cultura na nossa vida. De como ela melhora os nossos dias, molda as nossas visões do mundo e nos ensina a sentir. Fala do valor dos artistas, esses seres iluminados e tantas vezes incompreendidos por quem é incapaz de sentir a arte e a reconhecer como bem essencial.
É um livro pequeno que sê lê, no máximo, em duas horas. A recomendar um momento para o ler seria ali entre as 18h e as 20h. Em tempos em que é melhor jogar pelo seguro - e pela saúde - trocava um possível drink de final de tarde, por uma boa leitura de um autor português e que ajuda a refletir sobre a importância, o valor, o presente e o futuro da cultura.
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