22/08/2020

livros| Becoming, Michelle Obama



Ler o Becoming começa por te fazer sentir como a invadir a privacidade da autora e protagonista. O primeiro parágrafo é como se tivesses pegado no diário de Michelle e aberto numa página aleatória, onde ela escreve sobre o momento em que se encontra. 

A partir do segundo capítulo o sentimento de invasão passa e vai se transformando na ideia de estares a conversar com uma amiga de longa data. Daquelas que passas anos sem ver e quando se dá o reencontro a amizade e carinho estão lá sempre. E agora estão lado a lado, numa conversa intimista onde ela te conta a história da sua vida.

Becoming não fala da Michelle-mulher-do-Obama. Becoming fala da Michelle a criança, a filha, a irmã, a estudante, a amiga, a sonhadora, a advogada, a ativista, a esposa, a lutadora, a mãe. Michelle, a Mulher.

Foram muitas as vezes que me emocionei com a narrativa. Muitas as vezes em que me vi obrigada a parar a leitura para respirar funda e limpar uma ou outra lágrima. Com isto não quero dizer que Becoming é um livro lamechas, nem tampouco trágico. É apenas um livro que me tocou bastante por vários factores. Desde a realidade social e política atual, a pormenores que me faziam lembrar momentos da minha história. Apenas é um livro que foi lido no momento certo.

Foram muitas as vezes que me questionei sobre não o ter lido mais cedo. Como pude deixar passar tanto tempo. A conclusão é simples: tudo tem um tempo certo e este foi o melhor momento para ler o Becoming. Em qualquer outra altura não ia estar desperta para os temas abordados como estava agora. Em qualquer outra altura do passado não ia sentir tanto a história da Michelle como senti agora.

Becoming, de Michelle Obama, além de contar a história desta Mulher furacão num testemunho incrível feito na primeira pessoa, fala de vários temas importantes de debater, lembrar e trazer para a esfera mediática. Fala de racismo e da luta pela igualdade de direitos entre raças. Fala de machismo e na luta feminista. Fala das desigualdades sociais, das faltas de oportunidades seja de na educação, no trabalho ou alimentação. Claro que tem sempre por base a realidade norte americana, apesar de Michelle também fazer referências a outros países. Mas essa realidade é como um espelho do resto do mundo, porque em todos os pontos do globo, infelizmente, estas desigualdades e lutas coabitam com a cultura de cada país.

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