E se os bombeiros ateassem fogo em vez de apagarem? E se nos impedissem de pensar? É o que acontece em “Fahrenheit 451”. Os bombeiros queimam todos os livros, as pessoas têm carros a alta velocidade e televisões no lugar das paredes. Não podem ler, não podem ter tempos vazios, não podem pensar. E se alguém pensar? E se um bombeiro pegar num livro e levar para casa?
A obra de Ray Bradbury foi escrita em 1959 e fala de um futuro distante, porém essa miragem está perto dos dias de hoje, em termos de calendário. A ficção científica não é um género que aprecio, mas este livro mostrou-se uma exceção, e foi dos livros que li em menos tempo. Se juntar as horas todas, devo ter demorado meio dia. A leitura consumiu-me na ânsia de saber o que aconteceria a Montag, o bombeiro que, à revelia da sua profissão, escondia livros no quarto e, incitado por uma jovem curiosa, começou a pensar por si mesmo e questionar a sociedade suprimida em que vivia. Também eu levantei muitas questões sobre o mundo em que vivemos. Sobre como os livros estão a ser descartados e trocados por séries, filmes, reality shows, aos quais temos acesso facilitado seja pela televisão, computador ou até telemóvel. Sobre como a memória nos começa a falhar cada vez mais cedo e atenção dissipasse cada vez mais depressa. Sobre o futuro. Sobre a liberdade. Sobre o pensamento ser o que temos de mais nosso, mas como os mais poderosos os conseguem controlar e suprimir através dos media de massa.
Marisa
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