"Uma Mulher Não é Um Homem" foi um murro no estômago. Ou melhor, porrada forte no corpo todo e muita violência psicológica também... AMEI!
O livro de Etaf Rum fala de mulheres árabes de três gerações diferentes a viver nos Estados Unidos. Fareeda é a matriarca de uma família que se mudou para os Estados Unidos para fugir da fome e da guerra, mas nunca se conseguiu desprender das tradições. Isra, casou com o filho mais velho de Fareeda e foi obrigada a abandonar a Palestina para ir também para os EUA. Deya é filha de Isra, está prestes a fazer 18 anos e a única coisa que quer é ir para universidade, mas avó não concorda e quer que ela case o quanto antes.
"Uma Mulher Não é Um Homem" é o retrato de toda a cultura patriarcal e do sofrimento das mulheres nos povos árabes. O único destino destas mulheres é aprenderem a tratar da casa, casarem com desconhecidos e aceitar a sua vida em silêncio.
Foi assim de geração para geração, foi esta a única realidade que conheceram e, sozinhas, não é possível mudarem nada. Contudo, estando num país ocidental conseguem ter acesso a novas visões do mundo e começam a questionar o porquê de ter mesmo de ser assim. Mas será que fugir às tradições é assim tão fácil?
Falar deste livro é complicado, porque ele mexeu mesmo muito comigo. Tenho apenas conhecimentos muito básicos sobre os povos árabes. Claro que sabia perfeitamente que as mulheres sofrem muito, mas ler este livro foi uma imersão muito grande nessa cultura e um tremendo choque de realidade.
A violência física e psicológicas que as mulheres árabes sofrem é enorme. Foi muito revoltante e angustiante ler sobre isso. Sentia-me mesmo zangada e até meio mal disposta enquanto estava a ler. Mesmo assim não conseguia parar, porque a escrita e história prendiam-me e a forma como estava divido também. Os capítulos dividem-se nas três mulheres e três gerações, vagueando entre passado e futuro. Gostei muito desta dinâmica porque deu mais profundidade à história e também uma visão mais geral sobre o que é ser uma mulher árabe e de como as tradições e a forma de olhar e lidar com elas se vão transformando, ou não.
Mas o livro de Etaf Rum não fala só sobre a dor e violência contra as mulheres, mostra todo um lado de autodescoberta e empoderamento feminino que luta por quebrar as tradições violentas e misóginas e encontrar uma vida livre e com esperança. Há também um grande foco na união feminina entre algumas personagens e a forma como a autora explora isso e passa a mensagem que nos temos de unir para lutar pelos nossos direitos e ideais.
Os livros também têm um lugar importante nesta história, pois são mostrados como um ato de rebeldia das gerações mais novas e de conhecimento. São a porta para o mundo livre, que se abre nos quartos escuros e fechados destas mulheres. São os livros que as ajudam a perceber que esta vida não é normal e que podem (e merecem!) mais e melhor.
Apesar do foco de "Uma Mulher Não é Um Homem" ser as mulheres árabes, que não têm liberdade nenhuma, o livro toca em assuntos que são comuns a todas as mulheres - a pressão para casar e ter filhos, o termos de ser "meninas bem comportadas", o nosso dever ser tratar da casa. Isto fez com que fosse ainda mais fácil identificar-me com as personagens e revoltar-me com a história. Não vou mentir, senti-me muito zangada com todos os homens do mundo, enquanto estava a ler este livro, tal foi a forma como ele mexeu comigo.
Fui para esta leitura completamente às cegas, porque era o livro de julho do The Characters Club e acabei arrebatada pela história e apaixonada pela escrita. Só posso pedir-te que o leias "Uma Mulher Não é Um Homem", porque vale mesmo a pena!
Atualmente, à 1ª vista, não sei não. Muitos homens são verdadeiras mulheres e vice-versa. Mas só à 1º vista...
ResponderEliminarAcredito que seja um livro muito interessante de ler
.
Feliz fim de semana. Saudações poéticas.
.
Poema: “ Coração a sofrer de amor “
.
Cada um tem o direito de ser quem quiser, independentemente do sexo que tem/se identifique 🌈 E o ponto do nome do livro é que, nesta cultura, as mulheres não são um homem porque não têm direitos como eles. E é mesmo interessante de ler :)
EliminarTenho-o na minha lista!
ResponderEliminarAcho que é muito o teu estilo e que vais adorar!
EliminarTambém estou no "Characters Club" e estive de olho nas opiniões da malta, mas Agosto foi mês de férias e não me apetecia nada ler coisas "tristes"... mas claro que vou querer ler eventualmente :)
ResponderEliminarCompreendo-te perfeitamente! Quando leres partilha a tua opinião ;)
Eliminar