LIVROS | AO FECHAR A PORTA, B. A. PARIS

Comecei a ler Ao Fechar a Porta com as expectativas muito elevadas. Todas as opiniões que vi eram excelentes e parecia difícil de superar o que eu já estava à espera. Enganei-me. Foi ainda melhor! A história prendeu-me completamente e só fiquei descansada quando o acabei.

Bem, nem isso. Porque consegui ficar 10 minutos a olhar para o livro a tentar processar o que se tinha passado. E nas 24 horas seguintes não consegui ler mais nada, porque a minha cabeça ainda estava naquela trama e naquele final. É daqueles livros tão bons que nos deixam a pensar como iremos conseguir algo que o supere.

A história fala de Jack e Grace, um casal que aparenta levar uma vida perfeita. Ele é um elegante advogado de vítimas de violência doméstica. Ela é encantadora e gere a casa de uma forma impecável e é muito dedicada à irmã com deficiência.

Mas há algo que não bate certo. É possível serem tão inseparáveis?  Por que razão as janelas dos quartos têm grades? Será que a perfeição existe mesmo? Estas são algumas questões que vamos tendo ao longo da história e que são respondidas da forma mais impressionante.

A narrativa divide-se entre o presente que vai ficando cada vez mais sufocante e o passado que vai explicando a forma como o horror foi entrando na vida deste casal. A sucessão de acontecimentos e aparecimento dos dramas e problemas é crescente. No início tudo parece normal, existindo apenas alguns pormenores que nos levam a questionar a perfeição da vida de Jack e Grace. No desenrolar da história a ação vai-se tornando mais intensa e problemática.

Ao Fechar a Porta dá-nos uma visão fria e direta da violência doméstica. B. A. Paris conseguiu escrever de forma a que nos sentíssemos como uma vítima nas diversas fases. Desde o início de uma relação romântica onde tudo parece um mar de rosas, aos primeiros indícios de que algo está a descarrilhar, mas ainda não se está preparada para admitir, até ao sofrimento angustiante de querer (e precisar) de escapar desesperadamente.