02/11/2021

SOBRE LER "A RAPARIGA QUE INVENTOU O SONHO" E DAR UM TEMPO A LIVROS

a rapariga que inventou o sonho, haruki murakami


Um dos meus lemas enquanto leitora é que para cada livro há um momento certo da vida. Daí esta minha mania de começar livros em série.

Deixar um livro abandonado quando não está a dar, não tem qualquer mal. Muito pelo contrário. Muitas vezes até salva a opinião que se tem do mesmo.


WE WERE ON A BREAK

Fazer uma pausa de um livro pode ser a forma de salvar a nossa relação com eles. Acontece querer muito ler um livro e ter as expectativas tão alta. Ou porque é um autor que admiramos muito. Ou porque é um livro/autor que toda a gente elogia. Está há muito tempo na nossa TBR... São vários os fatores que inflacionam as expectativas perante um livro. Chegada a hora da leitura pode não corresponder e ficamos desiludidos.

Aqui normalmente pomos duas opções: 1) fazer frete e ler até ao final. 2) deixar o livro por aí.

Se fores como eu, deves odiar deixar livros por terminar. Acontece que também odeio fazer fretes. A solução? Dou um tempo.

Deixo o livro onde já não podia mais e parto para outro.


A RAPARIGA QUE INVENTOU O SONHO

A Rapariga Que Inventou O Sonho é um livro de contos de Haruki Murakami, no qual podes encontrar desde relatos mundanos às histórias surreais típicas do autor.

Ao início a leitura estava a correr bem. As histórias são interessantes e muito bem escritas. Até porque estamos a falar de Murakami, óbvio que tinham de ser bem escritas. Porém, entre as letras pequenas de um livro de bolso e falta de continuidade na narrativa - por se tratarem de vários contos e não de um romance - fui perdendo o interesse. A meio do livro já não podia mais. O simples ato de pegar nele já era um esforço tremendo.

Ler não deve ser um esforço. Eu leio para me sentir bem e feliz. Coisa que não estava a acontecer com este livro. Muito pelo contrário. Então, lá tomei a decisão de deixar A Rapariga Que Inventou O Sonho de lado.

Dediquei-me a uma nova leitura e deixei os contos de Murakami em stand-by, na mesa de cabeceira. Terminada a nova leitura - e já com poucos livros para começar decidi dar uma segunda oportunidade ao A Rapariga Que Inventou O Sonho.


À SEGUNDA É DE VEZ

Costuma-se dizer que à terceira é de vez, mas neste caso bastou a segunda tentativa.

Não sei se foi só da pausa, se foi por o livro que li pelo meio ter sido a pior leitura do ano (ou da vida) e ter-me dado uma seca do tamanho do mundo. Também pode ter sido por ambos os motivos.

A verdade é que regressei ao A Rapariga Que Inventou o Sonho com toda a garra e a sentir uma ligação muito mais forte com o livro. Quando pegava nele já não sentia qualquer frete. Apenas sentia emoção de me perder em cada conto.

A leitura começou a fluir bem melhor e mais rápido. Terminei-o num piscar de olhos e cheguei à última página com aquele calor no coração que só os bons livros são capazes de deixar.

2 comentários

  1. Quando ainda estava a descobrir a minha identidade literária, ficava mais angustiada por deixar um livro a meio. Mas, depois, comecei a perceber que era muito pior fazer frete, porque nem criava qualquer ligação com a história, nem desfrutava de algo que adoro: ler. Agora, se tiver de fazer uma pausa já não me custa. É melhor assim. Até porque, muitas vezes, é só mesmo uma questão de momento/estado de espírito

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    1. Não há nada melhor que nos deixarmos levar e seguir o nosso ritmo e estado espírito. Torna a experiência de leitura muito melhor *-*

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