Permites-me um desabafo? Criar novos hábitos é uma realidade cada vez mais fantasiada. É algo que nos é vendido com um embrulho de positividade, mas, quando abrimos encontramos desafios e frustrações.
Sim, criar novos hábitos também é divertido. Assim de repente consigo lembrar-me fácil de alguns exemplos. Incluir estudo diário de italiano na minha rotina foi dos melhores hábitos que iniciei, porque é algo que faço com muito entusiasmo e vontade. Começar a fazer mais exercício físico também me diverte bastante, principalmente quando recorro a aulas de dança no YouTube.
Contudo há um lado que ninguém nos conta. A pressão que pomos em nós mesmas quando queremos - ou temos de - iniciar um novo hábito. Então decidi trazer-te 5 verdade sobre criar novos hábitos.
Ah... a quem é que quero enganar. Estas cinco verdades não são só para ti. São também uma mensagem de mim para mim, para ver me preocupo menos e faço mais. Enfim, se andas a tentar mudar a tua rotina fica a saber que estamos juntas ;)
5 VERDADES SOBRE CRIAR NOVOS HÁBITOS
1. A OBRIGAÇÃO PODE TORNAR-SE UM PESADELO
Quando se começa um novo hábito, uma das técnicas para o manter é estipular dias e objetivos concretos. Este método permite foco e empenho/entrega para com a rotina que estamos a criar. Serve de motivação, mas também pode servir de culpa.
Tudo depende, como é óbvio, do pensamento e personalidade de cada um. E também do contexto e motivações que levam à implementação do novo hábito.
Depois também há os desafios na internet ou em aplicações. Tudo muito carregado com discursos como "vamos fazer isto por 20 dias, temos de nos superar, parar é morrer e só somos alguém se fizermos tudo intensamente". Sempre preferi qualidade a quantidade, portanto não sou fã desta opção.
A vida é tão cheia de códigos e obrigações, que chegou uma altura em que se só quero acrescentar o que me faça sentir bem.
2. IMPREVISTOS ACONTECEM E NÃO FAZ MAL
Planear é bom. Sou daquelas pessoas que gosta de ter tudo organizado e planeado com antecedência, mas não me dou bem com agendas detalhas ao pormenor.
Gosto de ter sempre as minhas listas de tarefas. Especificar horários e tempos rígidos para cada ponto só me desmotiva. E, se esta forma de planeamento não fazia sentido no geral, estava mais que visto que não ia resultar para implementar novos hábitos.
Há situações em que estamos tão focadas no resultado de algo que acabamos por perder um pouco a noção do que funciona connosco. Queremos ver o máximo à frente possível e o lugar onde estamos agora e o caminho ficam esquecidos.
Além disso, há sempre imprevistos. Podes ficar doente, ou ter uma noite mal dormida que te tiram as forças para fazer aquela corrida diária com a qual te comprometes-te. Podes demorar mais tempo do que pensaste para resolver algum assunto e não ter tempo para aquela meia hora de leitura que querias fazer no final do dia.
Muita coisa pode acontecer que te obrigue a mudar os planos. E está tudo bem com isso. Não é por saltares um tópico da tua rotina ideal que a vida vai descarrilar. A não ser que estejas tão presa e focada a controlar esse planeamento que te deixes abalar por cada pormenor que fuja dos teus planos.
3. NA VIDA REAL NÃO HÁ MAGIA
Mudar é bom e recomenda-se. Mas, não se faz com um estalar de dedos ou com pozinhos mágicos, porque aqui ninguém tem uma fada madrinha como a Cinderela.
Para criar hábitos é preciso tempo e persistência. É preciso começar, falhar e voltar a começar outra vez. Várias vezes! Portanto, mais vale deixar as fantasias nos contos encantados e olhar a realidade de caras. E com gentileza!
Cada pessoa tem o seu tempo e precisa de formas diferentes para se criar um hábito novo.
4. NÃO É PRECISO SER RADICAL PARA MUDAR
O processo de implementação de novos elementos à rotina depende muito daquilo a que nos propomos fazer e dos nossos gostos. Há hábitos que são simples e divertidos, logo vão ser mais fáceis. Há outros que têm menos a ver connosco ou precisam de mais esforço e isso pode dificultar o processo.
Quando decidi aprender italiano, foi algo muito espontâneo e natural. Não criei pressões nem objetivos específicos. Instalei uma aplicação e fui fazendo lições básicas à medida que me apetecesse. Deixei-me levar e, à data em que escrevo este texto, vou com 132 dias de estudo seguidos.
Mais recentemente, decidi começar a meditar e fazer exercício. O objetivo é criar hábitos mais saudáveis e positivos, para melhorar a minha saúde mental.
Defini que iria meditar todos os dias e fazer exercício 3 vezes por semana, de preferência à segunda, quarta e sexta. Uma insanidade para uma pessoa 90% sedentária.
O resultado foi o falhanço épico. A urgência de combater a ansiedade era tanta que o resultou no efeito contrário. Pensava "não me apetece mas se não fizer vai ser mau para mim" e o que era mesmo mau era estar a deixar-me arrastar por estes pensamentos torturantes.
O que aprendi? Não é preciso ser-se radical e querer fazer tudo ao mesmo tempo. Mudar um minuto, o mais pequeno gesto, um desvio de caminho mínimo já é mudança. Não é preciso ser-se outra pessoa, apenas ter vontade de ser um pouco diferente.
5. OUVE O TEU CORPO E RESPEITA A TUA VONTADE
Nos últimos dias resolvi esquecer o planeamento. Quero fazer mais meditação e exercício físico? Sim! Mas não me vou cobrar. Não quero saber das teorias de objetivos mensuráveis. Só me importa o meu bem-estar. O meu compromisso é ouvir o meu corpo e respeitar a minha vontade, não fazer um pacto com o diabo, fazer rabiscos num papel, desculpa enganei-me.
Percebi que mais importante do que definir dias exatos, é manter-me focada e dedicada com algo sem sentir que é só mais uma tarefa para juntar a todas as outras.
MUDARMOS É DESCOBRIRMO-NOS
Mudar é descobrirmo-nos. Para conseguirmos mudar o que quer que seja, é preciso parar e ouvir o nosso corpo. Perceber o que resulta connosco e se o hábito que queremos implementar faz mesmo sentido para nós.
Sim, porque não é o que vemos alguém dizer "começar a fazer isto tornou a minha vida muito melhor" na internet que esse hábito vai ser benéfico também para nós.
No meu caso, mudar passa por ouvir o meu corpo e respeitar os meus tempos. Já percebi que a pressão e a obrigatoriedade não resultam. Afinal, se quero acalmar esta mente desassossegada, o melhor é mesmo respirar fundo e (tentar) deixar acontecer.
Se estás a tentar implementar um novo hábito na tua rotina, vai testando os vários métodos que apareçam nas tuas pesquisas, que te aconselhem. Não resulta? Passa para outro. Não vale a pena ficares a remoer no assunto e muito menos a culpar-te. Olha para dentro e descobre o que realmente queres, precisas e o que funciona melhor contigo.
Ah e junta-lhes algo que torne o processo mais divertido e apetecível. Tudo é mais simples quando fazemos aquilo que nos faz felizes.
Podemos aderir a desafios, marcar datas na agenda... podemos fazer o que quisermos. Desde que nunca nos esquecemos que o mais importante a respeitar somos nós mesmos. Os nossos tempos, necessidades e motivações. E acima de tudo escolher o que nos fizer sentir melhor.
Implementar novos hábitos não tem o glamour que, por vezes, se tenta passar. E é importantíssimo desconstruir esta realidade. Assino por baixo os pontos que enumeraste
ResponderEliminarIsto é um blog pela verdade ahahah
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