29/04/2020

série Gabriel Allon: quando personagens literárias se tornam parte da família

Daniel Silva Gabriel Allon


O Gabriel Allon entrou na minha vida em 2015, quando me emprestaram O Confessor. Foi o segundo livro que li do Daniel Silva. O primeiro foi A marca do Assassino, da série protagonizada por Michael Osbourne. Foi Osbourne que me fez fã do autor luso-americano, mas foi o príncipe de fogo, Allon, que conquistou o meu coração. E perante a pergunta qual o teu personagem literário preferido e todas as outras em que tenha de eleger um personagem - para algo bom, claro está - a resposta é automática e coerente: Gabriel Allon. Mas se nos primeiros livros lidos desta série o Allon, era o dono, em exclusivo, do meu coração, nove livros depois fui adotando cada vez mais personagens, até criar uma família completa.

As personagens-família

O Shamron, com o seu isqueiro Zippo - "duas voltas para a direita, duas voltas para a esquerda". Chiara, a mulher que gosta de cantar enquanto cozinha e é uma das melhores agentes do Departamento. Uzi Navot, o chefe do Departamento. Eli Lavon, o melhor vigilante do departamento, o único em que Gabriel confia. Dina, a base de dados humana que sabia mais sobre os terroristas do que os próprios. Rimona, a sobrinha de Shamron, o que, por si só, já é um sinónimo gigante de poder. Yakov, um veterano. Odded e Mordecai, os agentes de campo mais versáteis. Yossi, com os seus fatos de bombazina e tweed. Mikhail, o "Gabriel sem consciência" vindo da Rússia. Julian Isherwood, o negociante de arte que está sempre com um pé na falência e outro nas missões de Gabriel. E mais uns pares de recrutas chamadas ao serviço, ocasionalmente. O Gabriel? É único. Sempre com a sua Beretta 9 mm e os seus pincéis, os seus fantasmas e a sua arte. Seja ela matar, ou pintar. 

Todas as personagens têm uma história completa e complexa por trás. Todas têm características únicas que nos fazem ganhar uma afinidade tal com elas, a ponto de sentir que as conhecemos bem desde sempre, como família ou amigos chegados. Estão adornadas com idiossincrasias que fazem compreender a história sem precisar de palavras e antecipar a chegada de momentos de viragem, aumentando, assim, o suspense e fazendo o coração bater mais forte. Tudo isto gera um carinho especial por cada personagem, tornando a ação mais inebriante, visto elas correrem risco de vida muitas vezes.

Quantas vezes já sustive a respiração só por o Shamron girar o isqueiro. Quantas vezes já li frases a correr porque a Dina começou a pesquisar algo e sabia que teria um dado fundamental para a trama à minha espera, umas páginas à frente. Quantas vezes fiquei com pele de galinha antes do Mikhail, do Lavon e/ou do Gabriel entrarem em território perigoso. Quantas lágrimas já caíram por todos eles. Em especial, por Chiara.

A série a que volto sempre

Entre março e abril li três livros do Daniel Silva e estou a controlar-me muito para não ler já o quarto, que está ali à espera, na prateleira. Em minha defesa, já há um ano que não pegava na série Gabriel Allon. Há tanos livros e autores bons para dar oportunidade, que quase me obrigo a fazer pausas prolongadas dos meus preferidos para conhecer novas leituras. Mas quando volto ao "meu" artista da morta, volto com vontade de ler todos os livros de seguida.

Já dei por mim a pensar como é possível gostar tanto de alguém com tanto sangue nas mãos. A resposta chegou rápida e simples. Gabriel mata um para proteger milhares. É uma espécie de Robin Hood da guerra. Anda pelo mundo a reparar os seus erros, assim como inclina a cabeça para o lado e começa a reparar um quadro dos "Velhos Mestres". Gabriel tem nome de anjo e, como Shamron diz, é um anjo da morte. Um herói. A minha personagem abrigo. Aquela a que volto sempre, de tempos a tempos, para matar saudades, como quem regressa a casa à procura de um abraço.


Marisa

2 comentários

  1. Nunca me aventurei em Daniel Silva, mas já percebi que tenho mesmo que o fazer!
    É tão bom quando há personagens que quase se tornam parte da família *-*

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