15/07/2019

Raparigas como Nós

Raparigas como nós

Há três anos não queria pensar ler um young adult. Não pensava sequer em ler um género sem ser os que conhecia os que gostava. O Bookgang, da Helena Magalhães, veio trazer uma nova aragem as minhas leituras, dar-me a conhecer obras diferentes e fantásticas, pessoas que partilham o gosto pelos livros. Nunca saí muito dos estilos a que estou habituada e resisti muito até ler um young adult. Até que chegou o da Helena. Tinha mesmo de ser o primeiro.

"Raparigas como Nós" conta a história de Isabel, uma jovem no final do secundário, dos seus amores antigos e dos atuais. Mas também fala dos seus amigos e conhecidos, de uma geração sem redes sociais, de festivais, de drogas, de traições, de viagens. No fundo, retrata a procura pela identidade dos personagens e auto-descoberta.

A autora não podia ter escolhido melhor nome para o livro, pois a Isabel é, sem dúvida, uma rapariga como nós. Tal como a Alice, a Marisa e todas as outras. Ao longo da história, em certas partes, senti que a personagem principal é uma descrição rigorosa de mim. Não vou dizer que entrou na lista dos meus livros preferidos, mas posso digo e grito aos quatro ventos que é uma obra excelente e que todos devem ler. A escrita e a linguagem são fluídas, a narrativa é cativante e conta com várias peripécias interessantes.

Há alegria e uma mensagem de esperança. Acredito que, independentemente da idade e de termos, ou não, resolvido os problemas do passado, faz bem ler/ver histórias que nos mostrem que, por pior que as coisas estejam ou tenham estado, cabe a nós lutar por algo melhor e que devemos ultrapassar e resolver o que nos mói o pensamento, para vivermos em paz. Também há frustração. E não digo isto no mau sentido. Houve uma parte em que só me apetecia chegar ao pé das personagens e abaná-las para ver se desenvolviam e se faziam à vida. Isto é realidade na literatura, porque quantos de nós já não precisámos de abanões, porque nos fomos deixar andar pelo vida acomodados, em vez de concretizar os nossos sonhos?! Há lágrimas e apertos no peito. Antes de começar o livro, vi várias fotografias com duas páginas em branco, apenas com o nome dois meses. Questionava-me sobre o sentido daquilo, porque nunca tinha visto nada assim, e o porquê de dizerem que provocava um sentimento tão forte. Até que cheguei a essa parte e foi como uma chapada. Não dá para explicar. É apenas silêncio, porque as palavras são poucas para descrever, bem como o são para o final. O fim é uma lágrima, impossível de conter, a escorrer pelo rosto e sorriso nos lábios. 

Uma das características que um livro tem de ter para me conquistar e para o considerar bom é fazer-me pensar. Se os livros não nos fazem pensar e evoluir, para que servem? Se me quiser distrair vejo um programa ou série sem grande conteúdo. o "Raparigas como Nós" cumpriu este aspeto na perfeição. Há muitos anos que não sublinhava um livro e voltei a fazê-lo neste, porque me identificava, porque dizia coisas que eu precisava de ler/ouvir, porque me recordava o passado e o meu caminho para me encontrar em paz com ele. Só posso agradecer à Helena por ter escrito este livro, por nos dar a conhecer a Isabel, por mostrar que não somos as únicas a passar pelas mesmas dificuldades, ao mesmo tempo que nos diz que somos especiais.
Marisa


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