Há três anos não queria pensar ler um young adult. Não pensava sequer em ler um género sem ser os que conhecia os que gostava. O Bookgang, da Helena Magalhães, veio trazer uma nova aragem as minhas leituras, dar-me a conhecer obras diferentes e fantásticas, pessoas que partilham o gosto pelos livros. Nunca saí muito dos estilos a que estou habituada e resisti muito até ler um young adult. Até que chegou o da Helena. Tinha mesmo de ser o primeiro.
"Raparigas como Nós" conta a história de Isabel, uma jovem no final do secundário, dos seus amores antigos e dos atuais. Mas também fala dos seus amigos e conhecidos, de uma geração sem redes sociais, de festivais, de drogas, de traições, de viagens. No fundo, retrata a procura pela identidade dos personagens e auto-descoberta.
A autora não podia ter escolhido melhor nome para o livro, pois a Isabel é, sem dúvida, uma rapariga como nós. Tal como a Alice, a Marisa e todas as outras. Ao longo da história, em certas partes, senti que a personagem principal é uma descrição rigorosa de mim. Não vou dizer que entrou na lista dos meus livros preferidos, mas posso digo e grito aos quatro ventos que é uma obra excelente e que todos devem ler. A escrita e a linguagem são fluídas, a narrativa é cativante e conta com várias peripécias interessantes.
Há alegria e uma mensagem de esperança. Acredito que, independentemente da idade e de termos, ou não, resolvido os problemas do passado, faz bem ler/ver histórias que nos mostrem que, por pior que as coisas estejam ou tenham estado, cabe a nós lutar por algo melhor e que devemos ultrapassar e resolver o que nos mói o pensamento, para vivermos em paz. Também há frustração. E não digo isto no mau sentido. Houve uma parte em que só me apetecia chegar ao pé das personagens e abaná-las para ver se desenvolviam e se faziam à vida. Isto é realidade na literatura, porque quantos de nós já não precisámos de abanões, porque nos fomos deixar andar pelo vida acomodados, em vez de concretizar os nossos sonhos?! Há lágrimas e apertos no peito. Antes de começar o livro, vi várias fotografias com duas páginas em branco, apenas com o nome dois meses. Questionava-me sobre o sentido daquilo, porque nunca tinha visto nada assim, e o porquê de dizerem que provocava um sentimento tão forte. Até que cheguei a essa parte e foi como uma chapada. Não dá para explicar. É apenas silêncio, porque as palavras são poucas para descrever, bem como o são para o final. O fim é uma lágrima, impossível de conter, a escorrer pelo rosto e sorriso nos lábios.
Uma das características que um livro tem de ter para me conquistar e para o considerar bom é fazer-me pensar. Se os livros não nos fazem pensar e evoluir, para que servem? Se me quiser distrair vejo um programa ou série sem grande conteúdo. o "Raparigas como Nós" cumpriu este aspeto na perfeição. Há muitos anos que não sublinhava um livro e voltei a fazê-lo neste, porque me identificava, porque dizia coisas que eu precisava de ler/ouvir, porque me recordava o passado e o meu caminho para me encontrar em paz com ele. Só posso agradecer à Helena por ter escrito este livro, por nos dar a conhecer a Isabel, por mostrar que não somos as únicas a passar pelas mesmas dificuldades, ao mesmo tempo que nos diz que somos especiais.
Marisa
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